Governo de Minas, por meio da Fapemig, inaugura 1º Centro de Referência à Cachaça na Ufla
Laboratório faz parte de projeto aprovado na Fundação, no valor de R$ 3,7 milhões, para reestruturação do local e aprimoramento das práticas de produção da cachaça de alambique em Minas Gerais
Publicado: 02/05/2024 10:36 | Atualizado: 02/05/2024 19:56
Crédito: Bárbara Teixeira / FAPEMIG Crédito: Bárbara Teixeira / FAPEMIG

Com apoio do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede-MG) e sua vinculada Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), um sonho de mais de 20 anos está se tornando realidade na Universidade Federal de Lavras (Ufla). Na última segunda-feira (29), foi inaugurado o Centro de Referência em Análise de Qualidade de Cachaça (CRAQC), para a realização de pesquisas que permitam agregar valor à cachaça de alambique de Minas Gerais.

A estruturação do laboratório para os estudos é fruto de projeto aprovado pela Fundação, com recursos de R$ 3,7 milhões, que serão empregados, ainda, na execução de cursos de capacitação para os produtores de cachaça e para a compra de equipamentos. Com o centro, será possível aplicar os conhecimentos gerados em sala de aula, permitindo o aprimoramento de parâmetros de análise. O trabalho é coordenado pela professora Maria das Graças Cardoso.

A inauguração contou com a presença do secretário Executivo de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Guilherme da Cunha, que destacou a importância do centro de pesquisas para a valorização da cachaça mineira e a redução da informalidade no setor. 

“O Centro de Referência na Ufla vai contribuir ainda mais para a valorização de um produto genuinamente brasileiro, que tem Minas Gerais como um de seus principais players, e o fortalecimento do setor no estado a partir da validação da qualidade da cachaça mineira. O que significa maior formalização, geração de empregos e renda no estado”, avalia Guilherme da Cunha.  

O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fapemig, Marcelo Speziali, que também participou do evento, parabenizou a iniciativa e destacou o poder de multiplicação da pesquisa. “Hoje, temos em Minas Gerais um dos melhores produtos, de padrão internacional, graças às pesquisas desenvolvidas na área. A Fapemig apoia desde as ciências mais fundamentais - não seria possível fazer nenhuma análise se a gente não tivesse muito conhecimento sobre química, físico-química, matemática - até a ciência mais aplicada, com o desenvolvimento de novas tecnologias e o transbordamento delas para o mercado”, destaca.

Idealizadora do Centro, Maria das Graças Cardoso comemora a sua implementação e afirma que os produtos mineiros irão abrir portas ao redor do mundo. “Esse centro irá elevar o nosso nome não só no âmbito da cachaça, mas em tudo que os produtores puderem fazer com essa bebida nacional. Os derivados, as melhorias que podem ser feitas nas bebidas e no engenho, a criação de novas bebidas, a criação de bebidas envelhecidas com diferentes madeiras, isso tudo é baseado em pesquisa, e pesquisa se busca nos centros de pesquisa das universidades”, afirma.

O evento também contou com a participação do reitor da Ufla, João Chrysostomo de Resende Junior; do representante da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Ranier Chaves Figueiredo;  do chefe do Departamento de Química, Jonas Leal Neto; do diretor do Instituto de Ciências Naturais, Teodorico de Castro Ramalho; e do pró-reitor de pesquisa, Luciano José Pereira.

Valor agregado

Atualmente, Minas Gerais é o maior produtor nacional de cachaça de alambique, sendo mais de 350 cachaçarias e cerca de 2,2 mil marcas diferentes. “Na nossa universidade, temos toda a cadeia produtiva, desde o plantio até a comercialização. Há anos, venho instigando a elaboração deste laboratório e, agora, o meu agradecimento é grande, porque senti o valor que realmente a bebida tem”, destaca Maria das Graças Cardoso.

O projeto a ser financiado pela Fapemig prevê a reestruturação do Laboratório de Análise de Qualidade de Aguardente/Cachaça (LAQA), já existente na Ufla, para que este se torne um Centro de Referência de Análise de Qualidade de Cachaça (CRAQC). A proposta prevê a realização de um diagnóstico da qualidade das cachaças de Minas Gerais e do Brasil quanto aos aspectos de composição química, interesse econômico e saúde pública. Adicionalmente, em parceria com os órgãos governamentais de Minas Gerais, espera-se traçar, anualmente, um mapeamento da bebida em todo o Estado, que permitirá a identificação quanto à regionalidade, agregando valor ao produto, melhorando sua qualidade e combatendo fraudes comuns no setor.

Como explicam os pesquisadores da Ufla responsáveis pelo projeto, até o presente momento, não existe no Estado um centro de estudos, pesquisas, desenvolvimento e prestação de serviços aos integrantes da Cadeia Produtiva e de Valor da Cachaça de Alambique e de outras bebidas alcoólicas. O setor produtivo de cachaça apresenta elevada taxa de informalidade (superior a 87%), o que favorece condutas baseadas no empirismo primário, com más práticas de fabricação, liberando produtos informais de baixa qualidade no mercado. Tal comportamento é decorrente dos preços elevados para realização de análises laboratoriais.

A expectativa é de que o CRAQC atenda à demanda por análises, emissões de laudos, selo de qualidade, diagnósticos e certificações de qualidade de cachaças, de bebidas alcoólicas fermentadas, fermento-destiladas e mistas fabricadas em Minas Gerais e demais regiões do Brasil, quanto aos aspectos químicos de interesse econômico e da saúde pública, visando ao fortalecimento do mercado da cachaça para Minas Gerais e, concomitantemente, para o Brasil e o mundo.

 

*Com informações da Fapemig.