Invest Minas realiza workshop sobre Tecnologia e Financiamento de projetos de Hidrogênio Verde
Evento realizado no BDMG foi o terceiro de uma série de encontros sobre oportunidades e desafios em torno da produção do combustível
Publicado: 24/03/2023 13:16
Divulgação Sede/ Invest Minas Divulgação Sede/ Invest Minas

A Invest Minas, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), realizou nesta quinta-feira (23/03) um workshop sobre Tecnologia e Financiamento de Projetos de Hidrogênio Verde. Este foi o terceiro de uma série de encontros sobre as oportunidades e desafios deste novo setor, que promete revolucionar a produção de energia limpa em todo o mundo. O evento contou com a participação de representantes do setor produtivo, órgãos do Governo do Estado e instituições nacionais e internacionais.

 A série de workshops tem o objetivo de reunir todos os atores impactados pela cadeia do hidrogênio para construir de forma conjunta uma política pública que assegure o desenvolvimento dessa indústria no Estado. Participaram da abertura a secretária adjunta de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Kathleen Garcia; o diretor-presidente da Invest Minas, João Paulo Braga; o presidente da Codemge, Thiago Toscano; e a diretora de Crédito do BDMG, Marcela Brant.

 João Paulo Braga destacou o potencial mineiro em se apresentar como um dos principais polos mundiais dessa tecnologia. "O Estado possui uma matriz energética limpa a um custo competitivo para se produzir o hidrogênio e, ao mesmo tempo, possui setores que podem consumir o produto, como a mineração, siderurgia, indústria de cimento e cadeia de fertilizantes. No campo regulatório, nunca se teve na história de Minas um governo tão aberto a incorporar inovações regulatórias propostas pelo mercado. Temos diversos instrumentos que podem ser usados para fazer com que o Estado se desenvolva nesta área”, considerou.

 Para Kathleen Garcia, o mercado de hidrogênio já é realidade no mundo, e o Estado não pode ficar para trás. “Temos uma oportunidade maravilhosa nas mãos, e as coisas estão acontecendo de forma muito rápida. Os primeiros projetos já estão se materializando em Minas, o que vai atrair mais empresas em torno do hidrogênio. Encontros como estes são importantes para construir políticas públicas que vão nos ajudar a consolidar essa indústria”, declarou.

 Vantagens do hidrogênio

No primeiro painel, a doutora Ceres Cavalcanti, consultora técnica do programa H2Brasil, apresentou estudo sobre algumas formas de utilizar o hidrogênio na siderurgia e na mineração. Ela demonstrou que é possível incluir o elemento para descarbonizar a produção de aços sem alterações significativas no atual modelo e, assim, ganhar diferenciais na disputa por mercados, principalmente no exterior.

 “O aço é um produto de exportação de Minas, e o mercado europeu, por exemplo, está mais exigente em observar a sustentabilidade em todo o ciclo de produção. As empresas devem se preparar para atender essa demanda que está surgindo. Usando o hidrogênio verde na produção, você está se antecipando para atender às exigências do mercado em um futuro próximo”, disse.

 No segundo painel, foi discutida a aplicabilidade do hidrogênio verde na indústria. Henrique Ceotto, sócio da McKinsey & Company, mostrou estimativas que apontam que o combustível deverá movimentar US$ 5 bilhões até 2030 somente no Brasil, podendo tornar o país um dos líderes mundiais em exportação desse combustível.

 “O Brasil é um dos mercados mais competitivos para a produção de hidrogênio verde no mundo. Isso porque 70% do custo desse combustível vem da energia elétrica limpa. E temos uma matriz energética em sua maioria renovável e com um custo menor do que a grande parte dos países do mundo”, destacou.

 E a tecnologia para isso já está sendo produzida em Minas Gerais. Foi o que destacou o diretor geral da Neuman & Esser (NEA) no Brasil, Marcelo Veneroso. A empresa alemã já possui algumas plantas de produção de hidrogênio em funcionamento, utilizando como matéria-prima a biomassa, o biogás ou o etanol. Neste mês, a NEA anunciou o investimento de R$ 70 milhões na expansão de sua fábrica de equipamentos, localizada em Belo Horizonte, capaz de fabricar soluções em hidrogênio para vários setores. 

 “Precisamos desmistificar a ideia de que a produção de hidrogênio serve apenas para grandes indústrias, e que é uma alternativa que possui grandes barreiras tecnológicas, e trazer essa solução mais para o dia a dia da população, como é no caso de ônibus do transporte público", considerou. 

 Alternativas de crédito

O terceiro e último painel do evento tratou das formas de financiamento de projetos verdes e contou com as participações de Rubens Britto, Superintendente de Desenvolvimento de Negócios e Produtos do BDMG; de Cláudia Noel, gerente de Transição energética do BNDES; e com Luciano Schwezer, Coordenador de Projetos do KfW (Banco de Desenvolvimento da Alemanha).

Britto apresentou as linhas disponíveis no Banco mineiro para financiamento de projetos em sustentabilidade, algumas delas em parceria com instituições de fomento internacionais que buscam apoiar a descarbonização da economia. Já Cláudia Noel destacou que o banco federal é o 2º maior investidor em geração de energia renovável do mundo, e possui hoje 32% de sua carteira composta por ativos verdes.

 Luciano Schwezer, por sua vez, detalhou a plataforma PtX, que foi lançada recentemente pelo KfW na COP27, realizada no ano passado, no Egito. O objetivo é financiar projetos de hidrogênio verde, por meio de dois fundos de 570 milhões de euros, subsidiados pelo governo alemão. “Tudo que tiver envolvimento do hidrogênio verde pode ser financiado, desde a produção à logística de transporte dos itens. Teremos neste ano chamadas públicas para projetos, que serão selecionados para serem financiados. A ideia é dar apoio tanto a projetos do setor público quanto aos de empresas privadas”, conclui.